Textos dramáticos, romances, biografias, poemas: literatura.
Ao lermos um texto uma porta se abre e um universo se constrói entre o leitor e as páginas. As palavras são aos poucos vividas e então já não é somente o autor quem fala, o leitor também.
As poesias têm o poder de despertar sensações e acessar em cada leitor um lugar precioso da sua singularidade. Cada indivíduo, um universo, uma história, uma miscelânea de memórias e sensações. Pra cada universo íntimo, uma medida, um contraste, um brilho diferente.
Poesia é para ser experimentada. E cada experiência é de fato única. Deixar uma poesia dizer é falar consigo, e tê-la como caminho. Desvendar-se.
AFAGO
e só o que eu queria agora era
um daqueles instantes imóveis
em que eu deixava repousar minha lágrima cansada
e só o que eu queria agora era
um daqueles instantes imóveis
em que eu deixava repousar minha lágrima cansada
no silêncio do seu peito.
que no meu
trago no tempo
só fumaça
descanço a cinza no cinzeiro
trago no tempo
a pele escassa.
sopro
desta graça desfeita
só fumaça
só fumo
só sumo
fumaça
só faça
sofá
só peito
qualquer leito
me escapa
me deito
me trago
me fumo
me sumo
fumaça
a graça é que depois tudo passa.
afago no tempo
só mais um trago
e eu apago.
que no meu
trago no tempo
só fumaça
descanço a cinza no cinzeiro
trago no tempo
a pele escassa.
sopro
desta graça desfeita
só fumaça
só fumo
só sumo
fumaça
só faça
sofá
só peito
qualquer leito
me escapa
me deito
me trago
me fumo
me sumo
fumaça
a graça é que depois tudo passa.
afago no tempo
só mais um trago
e eu apago.
Coisa Gozada.
Meu corpo vai esquecendo o seu até virar nada.
Papai,
porque não me deu um igual ao seu?
I wanna be a bad boy
not this bloody girl.
Hospedagem
Vem?
Vem mais?
Entra.
Vai fundo.
Pode vir.
Vem de novo, vai.
Volta.
Vai e volta.
Vai e volta.
Vai e volta.
Volta.
Volta.
Volta.
Volta, vai.
Dá uma volta e vai.
Vai vem vai.
Vai. vai vai.
Volta mais.
Fica?
Eu deixo você se hospedar em mim.
Vem mais?
Entra.
Vai fundo.
Pode vir.
Vem de novo, vai.
Volta.
Vai e volta.
Vai e volta.
Vai e volta.
Volta.
Volta.
Volta.
Volta, vai.
Dá uma volta e vai.
Vai vem vai.
Vai. vai vai.
Volta mais.
Fica?
Eu deixo você se hospedar em mim.
Tão Sylvia.
90 minutos e...
estou não um pouco mas tão muito ela.
Tão escorpionina...
tão desfeita, tão refeita, rarefeita, tão suspeita
de uma vida breve.
Não tão leve, não tão viva, não tão mesma,
não tão só não tão sã tão não então.
Tão lua, tão orfã, tão cálida,
tão eterna, tão aversa, tão amarga,
tão outono tão oca tão nada.
Estou Sylvia Plath.
elA
estou não um pouco mas tão muito ela.
Tão escorpionina...
tão desfeita, tão refeita, rarefeita, tão suspeita
de uma vida breve.
Não tão leve, não tão viva, não tão mesma,
não tão só não tão sã tão não então.
Tão lua, tão orfã, tão cálida,
tão eterna, tão aversa, tão amarga,
tão outono tão oca tão nada.
Estou Sylvia Plath.
elA
A MAR DE ROSAS
Nos meus sonhos eu do(ía) a beira do rio
Agora, só a(mar)
Só ao fundo
Só afundo
Só confundo
Só afundo
Só confundo
Nunca gostei de superficie,
de fazer planos nem planicies. Morro
um pouco a cada dia.
Desço, subo e salto!
O mundo profundo me bebe me engole
Sou um submundo imundo de restos de rosas.
Mergulho em verso em prosa.
Eu so deep assim.
Eu so deep assim.
O vermelho e os espinhos ja se tornaram
parte de mim
Áries
Abril o ano.
Como ousa me
entrar
entrecortar
intracortar
e ir embora assim tao cedo
sem nem provar meu sangue doce amargo azedo?
Paisageando - ou Andarela
Eu já te disse quem sou ela?
Meu nome é Andarilha.
Eu vim de Barros
Lá das bandas do seu Manoel
Lá a gente transvê que todas as coisas
podem ter qualidades humanas de pássaros
Lá a gente alma que poetas
podem ter qualidade de árvore
Lá, a gente aprende quem sou gente
Aqui (dentro) é um rio que transcorre
E vai passando caminho
e vai colhendo paisagem.
e vai paisageando de inventar de sendo também.
e uma paisagem nunca acaba nunca
e uma paisagem nunca se desmancha nunca
paisagem vive de sempre
é como se fosse um monte de desenho
um desenho nunca se apaga nunca
eu desenho um em cima do outro
e outro em cima do mesmo
e vou colhendo e vou inventando
paisageando
e de quando em quando eu
salto da palma do brincante
alço vôo e vou
ouvendo o universo falar comigo:
Eu já te disse quem sou pedra?
Eu já te disse quem sou rio?
Eu já te disse quem sou gente?
Meu nome é Andarilha.
Eu vim de Barros
Lá das bandas do seu Manoel
Lá a gente transvê que todas as coisas
podem ter qualidades humanas de pássaros
Lá a gente alma que poetas
podem ter qualidade de árvore
Lá, a gente aprende quem sou gente
Aqui (dentro) é um rio que transcorre
E vai passando caminho
e vai colhendo paisagem.
e vai paisageando de inventar de sendo também.
e uma paisagem nunca acaba nunca
e uma paisagem nunca se desmancha nunca
paisagem vive de sempre
é como se fosse um monte de desenho
um desenho nunca se apaga nunca
eu desenho um em cima do outro
e outro em cima do mesmo
e vou colhendo e vou inventando
paisageando
e de quando em quando eu
salto da palma do brincante
alço vôo e vou
ouvendo o universo falar comigo:
Eu já te disse quem sou pedra?
Eu já te disse quem sou rio?
Eu já te disse quem sou gente?
Principio
Entrelacamos as maos.Eu e ele.Precipito-me E num salto.Precipicio-me.E no primeiro ato eu mato todo o fato.Era so o principio.E eu.
Sempre gostei de historias de morte por amor.
Poema de Jardinagem
Pudor
poda
pô
dá
dor
Pu-dor-po-da-dor
pô
dá
dor
Pu-dor-po-da-dor
Some(times)Some
as vezes lhe dão um beijo
as vezes lhe dão de amar
as vezes lhe dão ensejo de bossa e mar
as vezes lhe dão impar
as vezes lhe dão lampejo de um par
as vezes lhe dão um ermo olhar
as vezes lhe dão só ar
as vezes
só
as vezes
So li dão
Penetracao
Me jogou num canto, entrou tanto que me abismou.
Rosa Rapina
elA é a pele da flor
despetalada
nua e levada
de samba rosa negra
mal fadada temida malvada
estúpida a perna bamba
ah, esse pavão...
quando ele vem de exibição
ela logo dá largada
desabrocha toda se abre
até que ele vá e tudo desabe
elA é a pele da flor
travessa fingida enganada
bamba e boba
dá logo a largada
toda errada essa flor...
broto que pensa que é cobra criada
ah, esse gavião...
passou de raspão e de supetão roubou
um ar de ardor de inspiração e levou
num só vôo
pra onde quer que for
Só assim cruzarão o oceano
Gavião e Rosa Negra
amor raso e rasante só pra lembrar
que uma Flor de Rapina
há de se fazer e depois esquecer
aqui em algum lugar
elA é a pele da flor
de espinhos e abusada
rosa negra
rosa rapina
num jardim sem cor
cheia de dor pra si plantar
ah, esse faisão...
quando ele passa,
dou logo a largada....
.elA
esse é um poema de um verso só que acaba aqui
CLOCK
clock clock clock clock clock clock clock clock clock
a mulher está dormindo
clock clock clock clock clock clock clock clock clock
a mulher está dormindo
clock clock clock clock clock clock clock clock clock
a mulher está dormindo
clock clock clock clock clock clock clock clock clock
ela não vai acordar
clock clock clock clock clock clock clock clock clock...
Olhos vagos, abre a porta?
Enquanto isso seus olhos vagueiam perdidos por aí
Por todo e qualquer lugar.
Puro medo de amar de novo.
Enquanto isso seu coração oco vagueia perdido por aí
Puro medo de amar de novo.
Enquanto isso seu coração oco vagueia perdido por aí
Por todo e qualquer lugar
Puro medo de amar o novo
Enquanto isso suas palavras vagueiam lancinantes e desabrigadas por aqui
Por esse insípido inóspito insólito lugar
Por esse insípido inóspito insólito lugar
Puro amor ao medo tolo de deixar o moço entrar.
Asshole!
Epifania II
uma poesia passou por mim e voou
TÍTULO
Quero ser no palco
letra de biografia romanceada
n'alma o que eu queria
era ser puro verso de livre poesia
e na vida , este conto inacabado,
o que eu poderia senão
essa mais plena ficção?.
.
.
.
Reticências no espaço do pensar diriam:
- Se não houvesse nesse coração estúpido
tamanha pretensão
quereria mesmo ser versos sem rima
amor sem endereço carta sem destino ponto sem final porque no fim tudo vira vírgula
nada
no meio de qualquer coisa
sem essa de virar canção,
arte comentada,
bibliografia recomendada
nessa pobre rima
esse particípio que já foi
quisera tanto que esqueceu de ser
Esse querer mais-que-perfeito...
Há um tempo falando também
do futuro de um que se escondeu lá atrás
não se tocou que seu presente não tinha conjugação
talvez nem verbo nem coisa nenhuma
e sem querer
e sem querer
já é.
EPILOGOQuisera eu
Quimera eu
Que merda eu!
Quimera eu
Que merda eu!
A DEUS! - ou poema oração
Escuta aqui!!!!!
Vocês aí tão longe
que algo em mim se esconde
pra não dizer adeus
Vocês aqui tão perto
que algo em mim deserto
pra não dizer adeus
Vocês aqui tão vida
que algo em mim partida
pra não dizer adeus.
Vocês aqui tão morte
que tudo em mim é corte
pra não dizer já deu.
Vocês três cinco ou seis
que algo de mim leveis
pra não dizer a Deus.
em memória de Sergio Luis Gelio, Pedro Gelio, Alberto José de Mattos e Camila Monteiro.
Em memória também de alguns vivos que também morreram...
BAR
e aqueles corações líquidos,
cada qual numa mesa do bar...
um tinha um chop gelado
o outro, um cigarro
não tragado e não menos solitário
cada qual na sua mesa do bar
esfriava sua alma inflamada
Olharam-se
convidaram-se tão mutuamente
flertando ainda sem saber com o quê
alguns chops adiante e o cinzeiro afogado em mágoas...
Viram-se
um coração líquido percebeu -se bem ali
no espelho dos olhos daquele desconhecido
Encontraram-se
olharam e amaram
amaram tão sinceramente
tudo o que ali doía.
Liquefeitos, liquidados.
- Mais um chop, por favor!
amaram tão sinceramente
cada cinza que caía.
- Deixa eu beber um gole seu?
E cada pedaço de morte.
- Me dá um trago seu?
Cada resto.
Cada um naquela mesa do bar.
cada qual numa mesa do bar...
um tinha um chop gelado
o outro, um cigarro
não tragado e não menos solitário
cada qual na sua mesa do bar
esfriava sua alma inflamada
Olharam-se
convidaram-se tão mutuamente
flertando ainda sem saber com o quê
alguns chops adiante e o cinzeiro afogado em mágoas...
Viram-se
um coração líquido percebeu -se bem ali
no espelho dos olhos daquele desconhecido
Encontraram-se
olharam e amaram
amaram tão sinceramente
tudo o que ali doía.
Liquefeitos, liquidados.
- Mais um chop, por favor!
amaram tão sinceramente
cada cinza que caía.
- Deixa eu beber um gole seu?
E cada pedaço de morte.
- Me dá um trago seu?
Cada resto.
Cada um naquela mesa do bar.
Amor contemporâneo:
uma poesia bradou em mim
fim.
Usucapião do coração
Você mora no meu sempre e isso é usucapião.
Pra esquecer eu bebo fumo cheiro
do seu corpo impregnado no meu.
Agonia aguda agulhando o âmago agora agora agora agora agora agora agora
ENTRADA FRANCA
Tudo passa ligeiro
Passageiro da partida
Versa é vice
Disse o inverso
Vide a vida
Não devolve ingresso
Amor de papel
Pra acabar com esse amor de papel
dá aqui um lápis ou um pincel
dá dó riscar você
dou ré e penso si...
lá vou eu
mi embolo escrevo um compasso
amasso o esboço e começo
tudo de novo
si mi dó si mi ré si mi lá
sem fé não dá
jogo fora o anel
desfaço esse papel
e (re)ciclo
e um sol mi dá
vontade de epifanar
numa nota sola
essa música
que em si está
do ponto
RESTO - ou poema canção
elA escreve Poeminha partir de 1,67 por 1/2 palmo de Aquela tal Nina Reis
Tem coisas que sinto
que vejo
que ficam
que sobram
Feito farelo de pão
feito restos de corpo
sobrado do topo
sobrado da alma
da janela da sala
resvalam de mim
assim eu sei
se sim ou se não se um talvez
se resvala de mim
se falo de alma
se poesia me acalma
ou se farelo de pão
não sei não
que são
Essas coisas que sinto
que vejo
esse ensejo roubado
esse desejo torpe
que resvala de mim
feito resto do corpo
feito amor torto
feito farelo de pão
se minha alma falasse
se eu desafaço
o disfarce
viro essa canção
ah se você gostasse
se um farelo de pão
, que te amo em segredo e segrego um pouco de mim.
Livro
Esses ecos
enquanto isso você escorre cachoeira aqui dentro
e eu já nem tento entender
esse eterno que fomos
tão terno
teu toque
tão choque
tão tenro
se não fosse esse infante que somos...
enquanto isso você desaba pirambeira aqui dentro
e eu já nem tento entender
esse demasiado que fomos
tão oceanos
tão danosos
tão humanos
se não fosse esse infinito que somos...
enquanto isso você inflama fogueira aqui dentro
e eu já nem tento entender
esse espelho que fomos
tão alma
tão lama
tão cama
se não fosse esse inferno que somos...
em que canto moram os vagalumes nascidos nas janelas de mim?
Fechei o jornal e abri um livro de poesia
É fato que enfeito
Esse mundo desfeito
Confeito com palavras
Bala perdida pra mim é doce
de morango esquecido n’algum canto da favela
Favela, aquele monte de bloquinhos de madeira que o gigante montou
Dizem que lá tem mais bala de sabor pólvora
Nunca provei de pólvora mas acho que tem gosto amargo
E nem chocolate amargo é bom
Meu pai não me deixa brincar lá
Naquele monte de bloquinhos de madeira que o gigante montou
Queria ir com o aviãozinho, aquele menino que sobe e desce de lá o tempo todo
Meu pai disse que ele não é legal
Mas eu ouvi o aviãozinho dizendo que foi pegar um doce tinha dado um pipoco lá em cima...
Ele queria dizer pipoca, não sabe falar direito
Doce com pipoca não sei se é bom
Deve ser, pipoca com guaraná é...
Mas eu queria subir lá
No monte de bloquinhos de madeira que o gigante montou
Lá tem doce, um monte de balas perdidas e pipoco
É fato que enfeito esse mundo desfeito
E faço confeito de palavras.
elA
Ih, pingou, escorreu, escoou, sumiu, morreu
Talvez por isso eu não te dê nem mais pingos nos is
Por toda dor que já me deu
Por todo viço que roubou
Agora eu quero dobrar um papel de despropósito
e carregar no bolso da camisa
bem n'altura do peito.
O resto, dizia minha vó, sai no xixi.
Sax - ou melodia lacrimal
Penumbra...
Um sax. Uma mulher. Ela entra.Vazia. Sala. Pés deslcaços.
tec tec tec tec tec tec tec tec
Pingos d'água no chão. Cabelos Molhados. A mulher chove. Lá fora. Da janela. Água escorre.
tec tec tec tec tec
Whisky na mão. Não. Um cigarro então.
Um sax toca. Um vazio. Um microfone.
Uma boca rósea.Molhada. Estúpida. Lábio tange o microfone. Esforço para ocanto. Sussuro.
Oi, alô, oi
Tá quebrado?
O microfone...
Eu...
Tá quebrado.
Eu to quebrada
Tô... partida
Eu to sem canto
Eu olho em cada canto da cidade e vejo
Eu to... partida
Em cada pedaço da cidade um canto meu
Um canto meu
To de... partida
Em cada sopro
eu
Em cada canto
da cidade
um eu ressoa um som um sax soa
Sempre sola
Um sax só
Quando esse nó no amor toca
Um sax chora
Quem nunca sentiu um sax solando baixinho assim?
DO AMOR
INANIMADOS
AREIA NO POTE DE VIDRO
e você
...
cada
vez
mais
d i s t a n t e s
as horas desnudas
NOS SEUS OLHOS
DOMINGO
NA MÃO CONTRÁRIA
ANGÚSTIA
INSPIRAÇÔES CAEIRAS
elA
DA SÉRIE AFETOS INVENTADOS
Saudade é quando você coloca bem no meio da sua falta
Saudade é quando você coloca bem no meio da sua falta
a imagem, o cheiro, o gosto de algo ou de alguém.
Saudade é uma coisa inventada.
Eufemismo pra solidão.
do ponto
Engraçado te ver assim virando passado
bem passado
bem duro
bem seco
bem nada
passado bem página virada.
Criando mofo, amarelada.
bem duro
bem seco
bem nada
passado bem página virada.
Criando mofo, amarelada.
tem gente, tem mente, tem sente
que não rima ultimamente tem
gente que mente que sente tem
gente que sente que mente tem
mente que sente que gente tem
mente que gente que sente tem
sente que mente que gente tem
sente que gente que mente tem
sente que gente não rima ultima
mente tão bem.
tem gente que nem sente que mente
tem gente que sente que nem mente
tem gente que mente que nem sente
tem mente que nem sente também
tem mente que sente que nem
tem mente que sente
tem gente que tem
tem gente que nem
tem gente sim sem
tem gente sim
tem gente
tem
tem vice e versa o verso também.
RESTO - ou poema canção
elA escreve Poeminha partir de 1,67 por 1/2 palmo de Aquela tal Nina Reis
Tem coisas que sinto
que vejo
que ficam
que sobram
Feito farelo de pão
feito restos de corpo
sobrado do topo
sobrado da alma
da janela da sala
resvalam de mim
assim eu sei
se sim ou se não se um talvez
se resvala de mim
se falo de alma
se poesia me acalma
ou se farelo de pão
não sei não
que são
Essas coisas que sinto
que vejo
esse ensejo roubado
esse desejo torpe
que resvala de mim
feito resto do corpo
feito amor torto
feito farelo de pão
se minha alma falasse
se eu desafaço
o disfarce
viro essa canção
ah se você gostasse
se um farelo de pão
FEIRA DOS RESTOS
Hoje é terça.
Torço.
Me esforço.
Me contorço.
Terça parte de mim.
O resto é poço.
Torço.
Me esforço.
Me contorço.
Terça parte de mim.
O resto é poço.
, que te amo em segredo e segrego um pouco de mim.
Esse lago, esse largo, esse laço, que não desfaço enfim,
que te amo em segredo e segrego esse pouco..
Livro
Livra
Livre-se
Esses ecos
e eu já nem tento entender
esse eterno que fomos
tão terno
teu toque
tão choque
tão tenro
se não fosse esse infante que somos...
enquanto isso você desaba pirambeira aqui dentro
e eu já nem tento entender
esse demasiado que fomos
tão oceanos
tão danosos
tão humanos
se não fosse esse infinito que somos...
enquanto isso você inflama fogueira aqui dentro
e eu já nem tento entender
esse espelho que fomos
tão alma
tão lama
tão cama
se não fosse esse inferno que somos...
Encanto
Enquanto canta
um conto
encanta e
plim
em que canto moram os vagalumes nascidos nas janelas de mim?
Confeito de Palavras
Fechei o jornal e abri um livro de poesia
É fato que enfeito
Esse mundo desfeito
Confeito com palavras
Bala perdida pra mim é doce
de morango esquecido n’algum canto da favela
Favela, aquele monte de bloquinhos de madeira que o gigante montou
Dizem que lá tem mais bala de sabor pólvora
Nunca provei de pólvora mas acho que tem gosto amargo
E nem chocolate amargo é bom
Meu pai não me deixa brincar lá
Naquele monte de bloquinhos de madeira que o gigante montou
Queria ir com o aviãozinho, aquele menino que sobe e desce de lá o tempo todo
Meu pai disse que ele não é legal
Mas eu ouvi o aviãozinho dizendo que foi pegar um doce tinha dado um pipoco lá em cima...
Ele queria dizer pipoca, não sabe falar direito
Doce com pipoca não sei se é bom
Deve ser, pipoca com guaraná é...
Mas eu queria subir lá
No monte de bloquinhos de madeira que o gigante montou
Lá tem doce, um monte de balas perdidas e pipoco
É fato que enfeito esse mundo desfeito
E faço confeito de palavras.
elA
Ih, pingou, escorreu, escoou, sumiu, morreu
Talvez por isso eu não te dê nem mais pingos nos is
Por toda dor que já me deu
Por todo viço que roubou
Agora eu quero dobrar um papel de despropósito
e carregar no bolso da camisa
bem n'altura do peito.
O resto, dizia minha vó, sai no xixi.
AINDA DEZEMBRO: UM BRINDE
Dezembro é pneu furado
É um chocolate vencido
É boteco fechado
(e você sentado ainda vai beber mais cinco chopes)
Dezembro é uma foda mal dada
É o poeta que não liga
É conta de luz cortada
(e o pavio da sua única vela está que nem o seu: curto)
Dezembro é maço de cigarro perdido
Tubo da pasta entupido
É encanamento vazado
(o ano escorrendo dentro de você pelo ralo)
Dezembro é vazio infiltrado
é coito interrompido
corpo suado
(suor escorrido logo depois do banho gelado).
Dezembro é uma mula empacada bem no meio da estrada. E a mula ali, sossegada.
Dezembro é um mês enguiçado,
É tempo largado assim meio de lado.
Dezembro é chave perdida na madrugada, a porta trancada e você lá parado (sem contar a vontade louca de fazer xixi, afinal, foram mais cinco chopes no boteco ao lado)
Dezembro é sinal vermelho atravessando seu caminho bem no meio da sua pressa.
Dezembro é natal é um risco é um disco do Roberto Carlos.
Dezembro é um cisco que tem que aturar.
Dezembro não é dor, é incômodo.
Dezembro é uma homenagem à minha melancolia, é um brinde a (des)esperança, um afago as coisas veladas e regalo aos olhos disfarçados de cegos.
É reveillon é alegria forçada é garantia de que tudo vai mudar e
NADA
Dezembro é isso. É nada.
E janeiro a mesma coisa.
Haja chope.
E tem muito dezembro ainda pra essa poesia inventar.
- Ah! Calma! Peraí! Daqui a pouco vai dar meia noite e antes que tudo mude eu gostaria de fazer um brinde a algo muito especial que nos mantém a todos nós aqui de pé, reunidos, amorosos, generosos, amigos, esperançosos, sorridentes, resplandecentes, sorridentes: meu brinde à... ao... à...
tim tim
Postado por É um chocolate vencido
É boteco fechado
(e você sentado ainda vai beber mais cinco chopes)
Dezembro é uma foda mal dada
É o poeta que não liga
É conta de luz cortada
(e o pavio da sua única vela está que nem o seu: curto)
Dezembro é maço de cigarro perdido
Tubo da pasta entupido
É encanamento vazado
(o ano escorrendo dentro de você pelo ralo)
Dezembro é vazio infiltrado
é coito interrompido
corpo suado
(suor escorrido logo depois do banho gelado).
Dezembro é uma mula empacada bem no meio da estrada. E a mula ali, sossegada.
Dezembro é um mês enguiçado,
É tempo largado assim meio de lado.
Dezembro é chave perdida na madrugada, a porta trancada e você lá parado (sem contar a vontade louca de fazer xixi, afinal, foram mais cinco chopes no boteco ao lado)
Dezembro é sinal vermelho atravessando seu caminho bem no meio da sua pressa.
Dezembro é natal é um risco é um disco do Roberto Carlos.
Dezembro é um cisco que tem que aturar.
Dezembro não é dor, é incômodo.
Dezembro é uma homenagem à minha melancolia, é um brinde a (des)esperança, um afago as coisas veladas e regalo aos olhos disfarçados de cegos.
É reveillon é alegria forçada é garantia de que tudo vai mudar e
NADA
Dezembro é isso. É nada.
E janeiro a mesma coisa.
Haja chope.
E tem muito dezembro ainda pra essa poesia inventar.
- Ah! Calma! Peraí! Daqui a pouco vai dar meia noite e antes que tudo mude eu gostaria de fazer um brinde a algo muito especial que nos mantém a todos nós aqui de pé, reunidos, amorosos, generosos, amigos, esperançosos, sorridentes, resplandecentes, sorridentes: meu brinde à... ao... à...
tim tim
PARA ELA
UMA QUASE NOVA HABITANTE FIXA DO MEU CORAÇÂO, TAMBÉM CONFIDENTE, ELA, QUE AS VEZES NÃO SABE O QUE QUER, MAS SABE QUE QUER, ELA QUE SABE USAR COMO NINGUÉM MAROTO SORRISO COMPLETO, ELA, QUE FICA ENJOADA, ELA ALEGRE, ELA TRISTE, ELA, ESPERTA, ELA, PA-RA-NÓ-IA, ELA QUE APÓIA, ELA, BAGUNÇA, ELA ARRUMA, ELA TROCA OITOCENTAS E NOVENTA E NOVE MIL QUATROCENTAS E OITENTA E SETE VEZES DE ROUPA, ELA, COR, ELA, VIDA, ELA TÃO SIMPLES, ELA, COMPLEXIDADE, ELA TANGÍVEL E NÃO, ELA NO FASHION RIO NA PRAIA EM CASA NO MSN, ELA AGORA, ELA ACHO QUE SEMPRE QUE MUITO QUE AMIGA, ELA SINGULAR PRONOME PESSOAL RETO DIRETO NO MEU CORAÇÂO.
elA
síncope nervosa líquida escorrendo em enxurrada pelos olhos
elA
tudo que é demais enjôa
principalmente pessoa!
SÓ
e o céu estava todo ali, só pra ela.
E ela estava só ali, toda pro céu.
A vida, tão só que era, agradeceu.
Só por existir.
Sax - ou melodia lacrimal
Penumbra...
Um sax. Uma mulher. Ela entra.Vazia. Sala. Pés deslcaços.
tec tec tec tec tec tec tec tec
Pingos d'água no chão. Cabelos Molhados. A mulher chove. Lá fora. Da janela. Água escorre.
tec tec tec tec tec
Whisky na mão. Não. Um cigarro então.
Um sax toca. Um vazio. Um microfone.
Uma boca rósea.Molhada. Estúpida. Lábio tange o microfone. Esforço para ocanto. Sussuro.
Oi, alô, oi
Tá quebrado?
O microfone...
Eu...
Tá quebrado.
Eu to quebrada
Tô... partida
Eu to sem canto
Eu olho em cada canto da cidade e vejo
Eu to... partida
Em cada pedaço da cidade um canto meu
Um canto meu
To de... partida
Em cada sopro
eu
Em cada canto
da cidade
um eu ressoa um som um sax soa
Sempre sola
Um sax só
Quando esse nó no amor toca
Um sax chora
Quem nunca sentiu um sax solando baixinho assim?
DO AMOR
Um só momento, sem tempo.
Sós, somos nós.
Somente nós, pra sempre.
Eternidade imóvel.
elA
INANIMADOS
Flores de plástico não morrem
mas também não vivem
Pessoas de plástico não vivem
mas também morrem.
elA
Menina em portunhol
aquela tal mi nina
que no está en mi
de tal manera que de mi
no saben aquela tal mi nina
en el mundo de los reyes
baila como una princesa embrujada
danza el hechizo en mis ojos
y luego abandona
y yo sólo
aquela tal no es mi nina
con ele secreto de sus ojos
aquela tal yo quería
en mis sueños ella me dicía
aquela tal me encantaria
no es mi nina
aquela tal que vive en mi nina
aquela tal
menina.
epifania
elA
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------
Todos os seus fragmentos a enganam quando ela tenta para o domínio, embevecida.
Dominó efeito do remoto controle.
Redoma onde ela cai tonta.
Que tonta!
Inseticida.
Como barata no pote de vidro.
Suicida.
elA
AREIA NO POTE DE VIDRO
os dias passam
v a z i o s
e você
...
os minutos ficam
cada
vez
mais
d i s t a n t e s
as horas desnudas
se constrangem
se sentam
se sentem
frias
e ao meu lado dizem macia e paulatinamente:
a espera áspera e austera
verá
a sábia ampulheta
vira verá que virá ei de vê-la virar há de vir dar o ar
da graça
e o sorriso aberto dos braços prontos
para
en-
laçar
elA
NOS SEUS OLHOS
Somos como se um instante fosse um pouco de eternidade
como se o infinito fosse de um menino
voltando a ser criança...
parado dinate do espelho tentando se reconhecer
e saber quem olha quem
neste instante de consciencia vejo o teu olhar
elA
NO CANTO DO QUARTO
Essa é minha mágoa que escoa e cai
lágrima
Água que dói
Esse gosto salgado na boca...
Aguardente dentro de mim
Ombros caídos
Esquecidos
Me apequena encolhendo esse mundo aqui
Esse mundinho miúdo que está
Essa miudeza triste que fica
Essa tristeza líquida que esvai
Água que dói
essa é minha mágoa que escoa e cai
lágrima
elA
DOMINGO
E eu sinto falta de alguma coisa que eu nem sei
Eu nem sei se é falta
Uma harpa,uma bota no chão, umas cervejas e eu nem sei
Quando vou dizer some
Me consome
Sinto sinto sinto sinto
Sinto tanto
Sinto muito
Eu sinto sim
Sinto falta de mim
E ninguém mais pode dizer
Você pode dizer:
- É claro que não!
Se disser que sim eu rio
Eu rio de você sim
Rio sim.
Você não pode dizer
É claro que não.
E a cinza está para cair
Eu... eu... eu...
Eu estou cansada de tanto eu
Desse eu no meu eu
Sinto falta, sinto sim.
NÃO
Sem saber,
rompeu com minha ultima devoção
Disse-me imposta e frivolamente que calasse minhas idéias.
Pediu-me sem decência alguma que silenciasse num rompante meu coração
Sem dizer uma palavra, ele verteu uma única lagrima e sorriu,
Lançando um desafio a sua própria dor.
elA
ALTRUÍSMO
Quero ver egoísmo em forma mais bem articulada do que generosidade.
elA
NA MÃO CONTRÁRIA
averso eu
Do avesso
e agora com verso
não converso
réi inconfesso
do poço não posso
esse troço
na mão contrária
tropeço no fato
um destroço
meu ato reverso
sem verso
me pôs aqui
poço aqui
elA
BRECHA
Desses rabiscos... os meus... os seus... idos.
Dos sentidos ou das idéias?
Desse ar que se que se inspira, do que se aspira, o que nasce em mim
e se expõe,
essa impressão expressa, se apressa!
Me dá um lápis! Já foi.
A sensação de ser que se transforma e esvai.
O tempo é.
Do que estou eu, do que é você, do que
está em mim ou do que se faz em nós,
do que se torna palavra e do que se faz
verso,
do que se exprime, doqueseexpreme,
dessa dor que sorri e te convida:
Pode entrar, a porta está aberta.
elA
VERSOS ITINERANTES
Agradeço aquela van
São Conrado/Copacabana
Leva daqui pra lá meus versos
E a minha solidão engana.
elA
ANGÚSTIA
Dissolver esse nó num abraço, pegar o cadarço e desenhar um sorriso.
Aliás, dois.
Um no meu peito, outro no seu.
É como se tivesse um velho carrancudo de braços cruzados dentro de mim.
elA
INSPIRAÇÔES CAEIRAS
Que do encontro com o sublime se faça instante.
Que no concreto se faça amante.
Que desse estar possa brotar a vida.
E amanhecida a borboleta encante.
E que divinos sejam o ar, o mar e as montanhas.
Respire.
Respirar é viver os mistérios de ser daqui
elA