Arte, porque a vida por si só não deu conta dela mesma





quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Sax - ou melodia lacrimal

Penumbra...












Um sax.



Uma mulher



Ela entra.



Vazia



os pés descalços

os cabelos molhados

a mulher chove

lá fora

da janela

Vazia

a água escorre





um whisky na mão

Não.

Um cigarro, então.



Um sax toca

um vazio

Um microfone

Uma mulher...

Uma boca rósea, molhada, estúpida, tange ao microfone

Se esforça para o sussurro...



Oi, alow, oi

Tá quebrado?

Eu...

Tá quebrado.

Eu to quebrada

Eu to partida

Eu to sem canto

Eu olho em cada canto da cidade e vejo

Eu to partida

Em cada pedaço da cidade um canto meu

Um canto meu

To de...

Partida

Em cada sopro

eu

Em cada canto

da cidade

Um eu

ressoa

Um som

Um sax soa

Sempre sola

Um sax só

Quando esse nó no amor toca

Um sax chora

Quem nunca sentiu um sax solando baixinho assim?

Um comentário:

  1. aaaaa lê... essa poesia do sax. quanta poesia pra me alimentar! a do carolina tbm... nossa primeira escola da vida!
    vc disse belamente pra mim mais cedo: "bom saber q o q eu sinto se transforma em palavra e depois se torna sensação em alguem de novo"
    gosto tanto de enxergar o mundo através do seu olhar e transformar o meu em tantos outros significados emprestados! ♥ continue seguindo a sua poesia e abrindo novos sentidos e caminhos pras minhas!

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