Arte, porque a vida por si só não deu conta dela mesma





quarta-feira, 11 de maio de 2011

BAR

e aqueles corações líquidos,
cada qual numa mesa do bar...
um tinha um chopp gelado
o outro, um cigarro
cada qual na sua mesa do bar
esfriava sua alma inflamada
Olharam-se.
convidaram-se tão mutuamente
flertando ainda sem saber com o quê
alguns chopps adiante e um cinzeiro afogado em mágoas...
Viram-se.
um coração líquido percebeu -se bem ali
no espelho dos olhos daquele desconhecido
Encontraram-se.
olharam e amaram
amaram tão sinceramente
tudo o que ali doía.
Liquefeitos, liquidados.
- Mais um chopp, por favor!
amaram tão sinceramente
cada cinza que caía.
- Deixa eu beber um gole seu?
E cada pedaço de morte.
- Me dá um trago seu?
Cada resto.
Cada um naquela mesa do bar.

Consumidos, consumaram-se.

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