Arte, porque a vida por si só não deu conta dela mesma
quarta-feira, 28 de dezembro de 2011
AINDA DEZEMBRO: UM BRINDE
Dezembro é pneu furado
É um chocolate vencido
É boteco fechado
(e você sentado ainda vai beber mais cinco chopes)
Dezembro é uma foda mal dada
É o poeta que não liga
É conta de luz cortada
(e o pavio da sua única vela está que nem o seu: curto)
Dezembro é maço de cigarro perdido
Tubo da pasta entupido
É encanamento vazado
(o ano escorrendo dentro de você pelo ralo)
Dezembro é vazio infiltrado
é coito interrompido
corpo suado
(suor escorrido logo depois do banho gelado).
Dezembro é uma mula empacada bem no meio da estrada. E a mula ali, sossegada.
Dezembro é um mês enguiçado,
É tempo largado assim meio de lado.
Dezembro é chave perdida na madrugada, a porta trancada e você lá parado (sem contar a vontade louca de fazer xixi, afinal, foram mais cinco chopes no boteco ao lado)
Dezembro é sinal vermelho atravessando seu caminho bem no meio da sua pressa.
Dezembro é natal é um risco é um disco do Roberto Carlos.
Dezembro é um cisco que tem que aturar.
Dezembro não é dor, é incômodo.
Dezembro é uma homenagem à minha melancolia, é um brinde a (des)esperança, um afago as coisas veladas e regalo aos olhos disfarçados de cegos.
É reveillon é alegria forçada é garantia de que tudo vai mudar e
NADA
Dezembro é isso. É nada.
E janeiro a mesma coisa.
Haja chope.
E tem muito dezembro ainda pra essa poesia inventar.
- Ah! Calma! Peraí! Daqui a pouco vai dar meia noite e antes que tudo mude eu gostaria de fazer um brinde a algo muito especial que nos mantém a todos nós aqui de pé, reunidos, amorosos, generosos, amigos, esperançosos, sorridentes, resplandecentes, sorridentes: meu brinde à... ao... à...
tim tim
DEZEMBRO
Tá parecendo, tem uns dias já...
enfiaram minha alma numa caixa,
feito embrulho pra presente,
jogaram no mar,
uma cambalhota, outra e outra mais
outra sacudidela nela
balança pra cá e pra lá e de repente, finalmente, a tampa dela, da caixa, caiu.
minha alma afogada saiu rolando amassada pra fora da caixa.
Abriu os olhos e viu:
Estava no meio do deserto.
Só areia e céu.
Só amarelo e azul.
enfiaram minha alma numa caixa,
feito embrulho pra presente,
jogaram no mar,
uma cambalhota, outra e outra mais
outra sacudidela nela
balança pra cá e pra lá e de repente, finalmente, a tampa dela, da caixa, caiu.
minha alma afogada saiu rolando amassada pra fora da caixa.
Abriu os olhos e viu:
Estava no meio do deserto.
Só areia e céu.
Só amarelo e azul.
O tempo laaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaarrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrgo
Nenhum lago.
ou eu me afogaria.
quarta-feira, 21 de dezembro de 2011
quarta-feira, 14 de dezembro de 2011
2012 - Da carta ao pai - ou tudo aquilo que eu queria te dizer em São Paulo
"Da carta ao pai - ou tudo aquilo que eu queria te dizer"
em breve no Espaço Viga em São Paulo
HERMAN (PAI) – Quem? Aqueles seus amigos? Ah, meu filho, você ainda tem tanto pra aprender... Amigo tem medo de falar a verdade. Você já deu uma lida no jornal hoje? Você por acaso sabe o que ta acontecendo no mundo? Ou você só sabe essas bobajadas que você escreve?
FRANZ (FILHO) – Você sabia que o Van Gogh morreu sem nenhum reconhecimento? Só um irmão valorizava ele.
HERMAN (PAI) – Van Gogh morreu pobre.
FRANZ (FILHO) – Talvez se o pai tivesse dado apoio a ele....
HERMAN (PAI)– Que referência, hein! Um homem que não foi capaz de constituir uma família, cortou a própria orelha e se matou.
FRANZ (FILHO) – Eu vou me casar.
HERMAN (PAI) – Um dia, se Deus quiser, você vai ter um emprego decente o suficiente pra se sustentar.
FRANZ (FILHO) - Vou me casar em dois meses.
HERMAN (PAI) – Então você ainda não largou aquela atriz exibida?
FRANZ (FILHO) – A Malu é uma ótima pessoa, você deveria conhecer.
HERMAN (PAI)– Você deveria ter conhecido a filha do Barbosa hoje, isso sim, uma moça culta, educada...
FRANZ (FILHO)) – Eu e a Malu terminamos há mais de seis meses.
terça-feira, 13 de dezembro de 2011
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
CLOCK CLOCK CLOCK CLOCK CLOCK CLOCK
clock clock clock clock clock clock clock clock clock
a mulher está dormindo
clock clock clock clock clock clock clock clock clock
a mulher está dormindo
clock clock clock clock clock clock clock clock clock
a mulher está dormindo
clock clock clock clock clock clock clock clock clock
ela não vai acordar
clock clock clock clock clock clock clock clock clock...
a mulher está dormindo
clock clock clock clock clock clock clock clock clock
a mulher está dormindo
clock clock clock clock clock clock clock clock clock
a mulher está dormindo
clock clock clock clock clock clock clock clock clock
ela não vai acordar
clock clock clock clock clock clock clock clock clock...
quinta-feira, 8 de dezembro de 2011
Encanto
Enquanto canta
um conto
encanta e
plim
em que canto moram os vagalumes nascidos nas janelas de mim?
quarta-feira, 7 de dezembro de 2011
Sócia idade
A minha infância teima em brincar de ser verso
A adultez vem e me põe de castigo!
É um quarto branco na cabeça caixa sem palavras
A minha infância teima e ainda existo eu pra ela embaralhar
Quebra-cabeça!
E a adultez vem pra querer me encaixar...
A minha infância teima e pinta tudo de mar pra onda me levar
A adultez vem pra me jogar areia! Me pega e leva pela mão...
A minha infância teima, faz birra, diz não. Depois ri, querendo me zombar. Tava só brincando, eu sou criança, ué!
Minha adultez me brigou.
Minha adultez me adulou.
Minha adultez me perdeu.
Minha altivez outra vez.
A adultez vem e me põe de castigo!
É um quarto branco na cabeça caixa sem palavras
A minha infância teima e ainda existo eu pra ela embaralhar
Quebra-cabeça!
E a adultez vem pra querer me encaixar...
A minha infância teima e pinta tudo de mar pra onda me levar
A adultez vem pra me jogar areia! Me pega e leva pela mão...
A minha infância teima, faz birra, diz não. Depois ri, querendo me zombar. Tava só brincando, eu sou criança, ué!
Minha adultez me brigou.
Minha adultez me adulou.
Minha adultez me perdeu.
Minha altivez outra vez.
Ânsia de re-ser (ATO I)
CRIANÇA
Essa tal lembrança r
Faz uma baita lambança e
naquela minha criança s
Lá pra minha infância e
tem ladeira? R
e
c
s
e
r
c
e
QUERO d
e
c
r
e
s
c
e
R
e
s
e
r
CRIANÇA
Essa tal lembrança r
Faz uma baita lambança e
naquela minha criança s
Lá pra minha infância e
tem ladeira? R
e
c
s
e
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c
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QUERO d
e
c
r
e
s
c
e
R
e
s
e
r
CRIANÇA
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
Confeito de Palavras
Fechei o jornal e abri um livro de poesia
É fato que enfeito
Esse mundo desfeito
Confeito com palavras
Bala perdida pra mim
é doce de morango esquecido n’algum canto da favela
Favela, aquele monte de bloquinhos de madeira que o gigante montou
Dizem que lá tem mais bala de sabor pólvora
Nunca provei de pólvora mas acho que tem gosto amargo
E nem chocolate amargo é bom
Meu pai não me deixa brincar lá
Naquele monte de bloquinhos de madeira que o gigante montou
Queria ir com o aviãozinho, aquele menino que sobe e desce de lá o tempo todo
Meu pai disse que ele não é legal
Mas eu ouvi o aviãozinho dizendo que foi pegar um doce tinha dado um pipoco lá em cima...
Ele queria dizer pipoca, não sabe falar direito
Doce com pipoca não sei se é bom
Deve ser, pipoca com guaraná é...
Mas eu queria subir lá
No monte de bloquinhos de madeira que o gigante montou
Lá tem doce, um monte de balas perdidas e pipoco
É fato que enfeito esse mundo desfeito
E faço confeito de palavras.
quinta-feira, 17 de novembro de 2011
Sax - ou melodia lacrimal
Penumbra...
Um sax.
Uma mulher
Ela entra.
Vazia
os pés descalços
os cabelos molhados
a mulher chove
lá fora
da janela
Vazia
a água escorre
um whisky na mão
Não.
Um cigarro, então.
Um sax toca
um vazio
Um microfone
Uma mulher...
Uma boca rósea, molhada, estúpida, tange ao microfone
Se esforça para o sussurro...
Oi, alow, oi
Tá quebrado?
Eu...
Tá quebrado.
Eu to quebrada
Eu to partida
Eu to sem canto
Eu olho em cada canto da cidade e vejo
Eu to partida
Em cada pedaço da cidade um canto meu
Um canto meu
To de...
Partida
Em cada sopro
eu
Em cada canto
da cidade
Um eu
ressoa
Um som
Um sax soa
Sempre sola
Um sax só
Quando esse nó no amor toca
Um sax chora
Quem nunca sentiu um sax solando baixinho assim?
Um sax.
Uma mulher
Ela entra.
Vazia
os pés descalços
os cabelos molhados
a mulher chove
lá fora
da janela
Vazia
a água escorre
um whisky na mão
Não.
Um cigarro, então.
Um sax toca
um vazio
Um microfone
Uma mulher...
Uma boca rósea, molhada, estúpida, tange ao microfone
Se esforça para o sussurro...
Oi, alow, oi
Tá quebrado?
Eu...
Tá quebrado.
Eu to quebrada
Eu to partida
Eu to sem canto
Eu olho em cada canto da cidade e vejo
Eu to partida
Em cada pedaço da cidade um canto meu
Um canto meu
To de...
Partida
Em cada sopro
eu
Em cada canto
da cidade
Um eu
ressoa
Um som
Um sax soa
Sempre sola
Um sax só
Quando esse nó no amor toca
Um sax chora
Quem nunca sentiu um sax solando baixinho assim?
Amor de papel
Pra acabar com esse amor de papel
dá aqui um lápis ou um pincel
dá dó riscar você
dou ré e penso si...
lá vou eu
mi embolo escrevo um compasso
amasso o esboço e começo
tudo de novo
si mi dó si mi ré si mi lá
sem fé não dá
jogo fora o anel
desfaço esse papel
e (re)ciclo
e um sol mi dá
vontade de epifanar
numa nota sola
essa música
que em si está
elA
segunda-feira, 17 de outubro de 2011
Ih, pingou, escorreu, escoou, sumiu, morreu
Talvez por isso eu não te dê nem mais pingos nos is
Por toda dor que já me deu
Por todo viço que roubou
Agora eu quero dobrar um papel de despropósito
e carregar no bolso da camisa
bem n'altura do peito.
O resto, dizia minha vó, sai no xixi.
Por toda dor que já me deu
Por todo viço que roubou
Agora eu quero dobrar um papel de despropósito
e carregar no bolso da camisa
bem n'altura do peito.
O resto, dizia minha vó, sai no xixi.
terça-feira, 13 de setembro de 2011
ENTRADA FRANCA
Tudo passa ligeiro
Passageiro da partida
Vice é versa
Disse o inverso
Vide a vida
Não devolve ingresso
Passageiro da partida
Vice é versa
Disse o inverso
Vide a vida
Não devolve ingresso
A escola da esquina - ou Poema Canção III
Aaaahhhhh Como eu já sabia
De toda essa poesia quando te deixei pra trás
Carolina Patrício
que eu já não sei mais
Carolina
Me-ni-na
A escola da esquina é a menina que ainda tenho em mim
É a rima do parque de areia gramado na quadra o queimado a magueira criança fagueira em dia de verão
Carolina
menina do meu coração
Carolina Patriício
que eu já não sei mais
Como eu já sabia
de toda essa poesia quando me deixei pra trás
ah essa menina
é sentido é abrigo
tempo ido no vento
é um sopro só
de um pouco de vida
sem centelha de tanto faz
Carolina Patrício
Começo Um
do início de mim
De toda essa poesia quando te deixei pra trás
Carolina Patrício
que eu já não sei mais
Carolina
Me-ni-na
A escola da esquina é a menina que ainda tenho em mim
É a rima do parque de areia gramado na quadra o queimado a magueira criança fagueira em dia de verão
Carolina
menina do meu coração
Carolina Patriício
que eu já não sei mais
Como eu já sabia
de toda essa poesia quando me deixei pra trás
ah essa menina
é sentido é abrigo
tempo ido no vento
é um sopro só
de um pouco de vida
sem centelha de tanto faz
Carolina Patrício
Começo Um
do início de mim
segunda-feira, 12 de setembro de 2011
domingo, 29 de maio de 2011
Amor Platônico - ou Poema Canção II
o amor aquece a alma
mas num dia de frio
quem me abraça é o vazio
e o travesseiro é companheiro
dessa minha dor
que o meu poeta fingidor inventou
eu puxo o cobertor
e me ponho a sonhar
sonho num canto
que brinco no entanto
de ser o ar
da sua bolha de sabão
de ser o mar que leva o brinco então
pra yemanjá rainha
me levar até lá
que esse meu amor é lá lá iá lá iá
é poema canção
que brinco de amar...
que sonho que canto
que brinco que encanto
que amo sonhar
ai como é bom inventar
uma poesia, um amar, pra se distrair.
amor platônico
sem dono sem dano
amor sem engano
amar sem perder
amor só de um
sou só seu sem ser
eu sem você
ai como é bom inventar
uma poesia, um amar, pra se distrair
yemanjá rainha
me leva lá
que esse meu amor é lá lá iá lá iá
mas num dia de frio
quem me abraça é o vazio
e o travesseiro é companheiro
dessa minha dor
que o meu poeta fingidor inventou
eu puxo o cobertor
e me ponho a sonhar
sonho num canto
que brinco no entanto
de ser o ar
da sua bolha de sabão
de ser o mar que leva o brinco então
pra yemanjá rainha
me levar até lá
que esse meu amor é lá lá iá lá iá
é poema canção
que brinco de amar...
que sonho que canto
que brinco que encanto
que amo sonhar
ai como é bom inventar
uma poesia, um amar, pra se distrair.
amor platônico
sem dono sem dano
amor sem engano
amar sem perder
amor só de um
sou só seu sem ser
eu sem você
ai como é bom inventar
uma poesia, um amar, pra se distrair
yemanjá rainha
me leva lá
que esse meu amor é lá lá iá lá iá
quinta-feira, 19 de maio de 2011
A DEUS! - ou poema oração
Escuta aqui!!!!!
Vocês aí tão longe
que algo em mim se esconde
pra não dizer adeus
Vocês aqui tão perto
que algo em mim deserto
pra não dizer adeus
Vocês aqui tão vida
que algo em mim partida
pra não dizer adeus.
Vocês aqui tão morte
que tudo em mim é corte
pra não dizer já deu.
Vocês três cinco ou seis
que algo de mim leveis
pra não dizer a Deus.
em memória de Flavia Selbovitz, Sergio Luis Gelio, Pedro Gelio, Alberto José de Mattos e Camila Monteiro.
em memória de alguns vivos que também morreram...
Vocês aí tão longe
que algo em mim se esconde
pra não dizer adeus
Vocês aqui tão perto
que algo em mim deserto
pra não dizer adeus
Vocês aqui tão vida
que algo em mim partida
pra não dizer adeus.
Vocês aqui tão morte
que tudo em mim é corte
pra não dizer já deu.
Vocês três cinco ou seis
que algo de mim leveis
pra não dizer a Deus.
em memória de Flavia Selbovitz, Sergio Luis Gelio, Pedro Gelio, Alberto José de Mattos e Camila Monteiro.
em memória de alguns vivos que também morreram...
Esses ecos
enquanto isso você escorre cachoeira aqui dentro
e eu já nem tento entender
esse eterno que fomos
tão terno
teu toque
tão choque
tão tenro
teu toque
tão choque
tão tenro
se não fosse esse infante que somos...
enquanto isso você desaba pirambeira aqui dentro
e eu já nem tento entender
esse demasiado que fomos
tão oceanos
tão danosos
tão humanos
se não fosse esse infinito que somos...
enquanto isso você inflama fogueira aqui dentro
e eu já nem tento entender
esse espelho que fomos
tão alma
tão lama
tão cama
se não fosse esse inferno que somos...
enquanto isso você desaba pirambeira aqui dentro
e eu já nem tento entender
esse demasiado que fomos
tão oceanos
tão danosos
tão humanos
se não fosse esse infinito que somos...
enquanto isso você inflama fogueira aqui dentro
e eu já nem tento entender
esse espelho que fomos
tão alma
tão lama
tão cama
se não fosse esse inferno que somos...
quarta-feira, 11 de maio de 2011
BAR
e aqueles corações líquidos,
cada qual numa mesa do bar...
um tinha um chopp gelado
o outro, um cigarro
cada qual na sua mesa do bar
esfriava sua alma inflamada
Olharam-se.
convidaram-se tão mutuamente
flertando ainda sem saber com o quê
alguns chopps adiante e um cinzeiro afogado em mágoas...
Viram-se.
um coração líquido percebeu -se bem ali
no espelho dos olhos daquele desconhecido
Encontraram-se.
olharam e amaram
amaram tão sinceramente
tudo o que ali doía.
Liquefeitos, liquidados.
- Mais um chopp, por favor!
amaram tão sinceramente
cada cinza que caía.
- Deixa eu beber um gole seu?
E cada pedaço de morte.
- Me dá um trago seu?
Cada resto.
Cada um naquela mesa do bar.
Consumidos, consumaram-se.
cada qual numa mesa do bar...
um tinha um chopp gelado
o outro, um cigarro
cada qual na sua mesa do bar
esfriava sua alma inflamada
Olharam-se.
convidaram-se tão mutuamente
flertando ainda sem saber com o quê
alguns chopps adiante e um cinzeiro afogado em mágoas...
Viram-se.
um coração líquido percebeu -se bem ali
no espelho dos olhos daquele desconhecido
Encontraram-se.
olharam e amaram
amaram tão sinceramente
tudo o que ali doía.
Liquefeitos, liquidados.
- Mais um chopp, por favor!
amaram tão sinceramente
cada cinza que caía.
- Deixa eu beber um gole seu?
E cada pedaço de morte.
- Me dá um trago seu?
Cada resto.
Cada um naquela mesa do bar.
Consumidos, consumaram-se.
domingo, 8 de maio de 2011
REBANHO
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O egoísmo é inerente ao indivíduo, não ao ser HUMANO. A solidão, essa sim, é natural do homem. O que não adianta é reagir a ela com a redoma do desejo de rompê-la ou ludibriá-la. Você pode se tornar um egoísta ou um altruísta hipócrita. E você pode não tornar-se. Todavia, convém prudência pra não virar um refém de todas as coisas. Em todo caso, ou acaso, apenas esteja. E se for pra estar no rebanho, que não seja por solidão, mas por escolha de consciência.
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O egoísmo é inerente ao indivíduo, não ao ser HUMANO. A solidão, essa sim, é natural do homem. O que não adianta é reagir a ela com a redoma do desejo de rompê-la ou ludibriá-la. Você pode se tornar um egoísta ou um altruísta hipócrita. E você pode não tornar-se. Todavia, convém prudência pra não virar um refém de todas as coisas. Em todo caso, ou acaso, apenas esteja. E se for pra estar no rebanho, que não seja por solidão, mas por escolha de consciência.
quinta-feira, 28 de abril de 2011
Tem
tem gente, tem mente, tem sente
que não rima ultimamente tem
gente que mente que sente tem
gente que sente que mente tem
mente que sente que gente tem
mente que gente que sente tem
sente que mente que gente tem
sente que gente que mente tem
sente que gente não rima ultima
mente tão bem.
tem gente que nem sente que mente
tem gente que sente que nem mente
tem gente que mente que nem sente
tem mente que nem sente também
tem mente que sente que nem
tem mente que sente
tem gente que tem
tem gente que nem
tem gente sim sem
tem gente sim
tem gente
tem
tem vice e versa o verso também.
que não rima ultimamente tem
gente que mente que sente tem
gente que sente que mente tem
mente que sente que gente tem
mente que gente que sente tem
sente que mente que gente tem
sente que gente que mente tem
sente que gente não rima ultima
mente tão bem.
tem gente que nem sente que mente
tem gente que sente que nem mente
tem gente que mente que nem sente
tem mente que nem sente também
tem mente que sente que nem
tem mente que sente
tem gente que tem
tem gente que nem
tem gente sim sem
tem gente sim
tem gente
tem
tem vice e versa o verso também.
quarta-feira, 27 de abril de 2011
RESTO - ou POEMA CANÇÃO
elA escreve Poeminha partir de 1,67 por 1/2 palmo de Aquela tal Nina Reis
Tem coisas que sinto
que vejo
que ficam
que sobram
Feito farelo de pão
feito restos de corpo
sobrado do topo
sobrado da alma
da janela da sala
resvalam de mim
assim eu sei
se sim ou se não se um talvez
se resvala de mim
se falo de alma
se poesia me acalma
ou se farelo de pão
não sei não
que são
Essas coisas que sinto
que vejo
esse ensejo roubado
esse desejo torpe
que resvala de mim
feito resto do corpo
feito amor torto
feito farelo de pão
se minha alma falasse
se eu desafaço
o disfarce
viro essa canção
ah se você gostasse
se um farelo de pão
Tem coisas que sinto
que vejo
que ficam
que sobram
Feito farelo de pão
feito restos de corpo
sobrado do topo
sobrado da alma
da janela da sala
resvalam de mim
assim eu sei
se sim ou se não se um talvez
se resvala de mim
se falo de alma
se poesia me acalma
ou se farelo de pão
não sei não
que são
Essas coisas que sinto
que vejo
esse ensejo roubado
esse desejo torpe
que resvala de mim
feito resto do corpo
feito amor torto
feito farelo de pão
se minha alma falasse
se eu desafaço
o disfarce
viro essa canção
ah se você gostasse
se um farelo de pão
domingo, 17 de abril de 2011
Promessa é dívida!
Clique na figura para melhor visualização
Este desenho é obra do artista Eduardo Marinho.
www.observareabsorver.blogspot.com
Compre a Terra e a divida em infinitas vezes sem juros.
Sem juros, sem juras, sem dó, sem piedade, sem correção monetária.
Pouco tempo de garantia.
Não aceitamos devolução.
terça-feira, 12 de abril de 2011
que o teatro foi necessário pois apenas não sendo eu encontraia álibe para eu (r)existir.
que a performance foi necessária pois apenas sendo vida o teatro encontraria álibe para (r)existir.
que a morte foi necessária pois apenas havendo vida encontraria álibe para o teatro
(r)existir.
que o teatro foi necessário pois havendo morte encontraria álibe para à vida (r)existir.
que a criação foi necessária pois apenas havendo criatura encontraria álibI para o criador
(r)existir.
Se não há álibE, então nada antes da criação existe.
que a performance foi necessária pois apenas sendo vida o teatro encontraria álibe para (r)existir.
que a morte foi necessária pois apenas havendo vida encontraria álibe para o teatro
(r)existir.
que o teatro foi necessário pois havendo morte encontraria álibe para à vida (r)existir.
que a criação foi necessária pois apenas havendo criatura encontraria álibI para o criador
(r)existir.
Se não há álibE, então nada antes da criação existe.
segunda-feira, 28 de março de 2011
e agora, neste exato instante, este conjunto de palavras que terminarão num ponto final, se multiplicam no espaço e no tempo ocupando telas tão diversas e tão únicas quanto a sua e aquelas. E agora, neste exato instante, elas estão aqui, lá, aí, acolá onde todas estas direções se misturam e são ao mesmo tempo (ou não) a mesma (e não). E neste exato instante, eu estou me tornando você: neste exato instante em que você me lê. Neste exato instante, você está em mim e eu sou você.
elA
elA
sexta-feira, 18 de março de 2011
Menina em portunhol
aquela tal mi nina
que no está en mi
de tal manera que de mi
no saben aquela tal mi nina
en el mundo de los reyes
baila como una princesa embrujada
danza el hechizo en mis ojos
y luego abandona
y yo sólo
aquela tal no es mi nina
con ele secreto de sus ojos
aquela tal yo quería
en mis sueños ella me dicía
aquela tal me encantaria
no es mi nina
aquela tal que vive en mi nina
aquela tal
menina.
que no está en mi
de tal manera que de mi
no saben aquela tal mi nina
en el mundo de los reyes
baila como una princesa embrujada
danza el hechizo en mis ojos
y luego abandona
y yo sólo
aquela tal no es mi nina
con ele secreto de sus ojos
aquela tal yo quería
en mis sueños ella me dicía
aquela tal me encantaria
no es mi nina
aquela tal que vive en mi nina
aquela tal
menina.
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
TÍTULO
Quero ser no palco
letra de biografia romanceada
n'alma o que eu queria
era ser puro verso de livre poesia
e na vida , este conto inacabado,
o que eu poderia senão
essa mais plena ficção?.
.
.
Reticências no espaço do pensar diriam:
Se não houvesse nesse coração estúpido
tamanha pretensão
quereria mesmo ser versos sem rima
amor sem endereço
carta sem destino
ponto sem final
porque no fim
tudo vira vírgula
nada
no meio de qualquer coisa
sem essa de virar canção,
arte comentada,
bibliografia recomendada
nessa pobre rima
esse particípio que já foi
quisera tanto que esqueceu de ser
Esse querer mais-que-perfeito...
Há um tempo falando também
do futuro de um que se escondeu lá atrás
não se tocou que seu presente não tinha conjugação
talvez nem verbo
nem coisa nenhuma
E sem querer, já é.
elA
letra de biografia romanceada
n'alma o que eu queria
era ser puro verso de livre poesia
e na vida , este conto inacabado,
o que eu poderia senão
essa mais plena ficção?.
.
.
Reticências no espaço do pensar diriam:
Se não houvesse nesse coração estúpido
tamanha pretensão
quereria mesmo ser versos sem rima
amor sem endereço
carta sem destino
ponto sem final
porque no fim
tudo vira vírgula
nada
no meio de qualquer coisa
sem essa de virar canção,
arte comentada,
bibliografia recomendada
nessa pobre rima
esse particípio que já foi
quisera tanto que esqueceu de ser
Esse querer mais-que-perfeito...
Há um tempo falando também
do futuro de um que se escondeu lá atrás
não se tocou que seu presente não tinha conjugação
talvez nem verbo
nem coisa nenhuma
E sem querer, já é.
elA
sábado, 29 de janeiro de 2011
De Joana para Malu
texto recriado a partir da peça
", mas de tal modo se aprende a viver com o que tanto falta."
com Alessandra Gelio, Felipe Recco e Yasmin Garcez
(Risos) Quer um café? Você fica linda querendo café, mas eu vou servir um poema pra você. Eu sei que você quer café, mas eu quero servir um poema pra você. tá com fome? Tá, né? EU fiz aquele bolo que você gosta, de dois sabores. Metade chocolate e a outra metade sabor de nada. Pára... Pára... Te amo quando você me olha assim, sabia? Você pode me olhar assim de novo? Eu não vou te contar que eu te amo ainda mais quando você não me olha. Não! Não tira a roupa, por favor. Não quero imaginar ninguém te vendo assim. tenho medo. de nós duas assim... . mas de tal modo se aprende a viver com o que tanto... o que é que falta pra você me amar mais?
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