Ela ora borboleta, agora passarinha
não cantarola,
mete o bico, a pena, e escrevinha:
Me desculpa
roubar teu silêncio?
Inventar de arrancar teu vício, teu viço?
Me desculpa
inventar de tirar teu vento que venta brando?
teu documento e até o lenço?
Me desculpa?
inundar tua poesia ,
invadir com mil palavras tua paz?
Me desculpa
abraçar feito Felícia tua causa?
Arrumar teu descaso?
Me desculpa
meter meu bico na tua bagunça?
invadir com mil palavras tua paz?
Me desculpa
abraçar feito Felícia tua causa?
Arrumar teu descaso?
Me desculpa
meter meu bico na tua bagunça?
Bagunçar teu sossego?
Me deculpa
esgotar teu poço?
secar tua sede?
Me desculpa
Me deculpa
esgotar teu poço?
secar tua sede?
Me desculpa
o terremoto na tua rede?
tempestade no teu lago?
Me desculpa
qualquer estrago?
Me desculpa
qualquer estrago?
qualquer harmonia, arranjo quebrado?
As flores murchas fora do vaso...
E a tpm, me me perdoa, faz da nossa melodia esse disco arranhado.
A nossa melodia, nosso mel de todo dia...
A nossa música nunca mais tocou?
Desliga a vitrola, carambola!
Sinto muito, mil perdões...
As flores murchas fora do vaso...
E a tpm, me me perdoa, faz da nossa melodia esse disco arranhado.
A nossa melodia, nosso mel de todo dia...
A nossa música nunca mais tocou?
Desliga a vitrola, carambola!
Sinto muito, mil perdões...
o arroubo, o escorpião
o tudo ou nada o senão
se não tudo vira bosta
em plena primavera
em plena primavera
o que era uma vez
vai pelos ares os dois pombinhos...
se chamavam sabiá e passarinha
piu, você é meu
piu piu, você é minha
caem num céu de desencanto
trocam o repertório
assobiam a marcha fúnebre
depenados, dispensam o casório
Passarinha canta, desafina,
desbaratina alto, perde o ritmo e a rima
sabiá pede silêncio
qualquer céu azul sem música
fica um cinza imenso
o silêncio corta tudo
muda o clima, nuvem, nubla
paisagem modo mudo
silêncio corta tudo
até asas de passarinha
que agora borboleta ,
vira lagarta, perde a cor, o azul e o ninho
se arrasta preta n'outro caminho
o céu está vazio
nem mais um pio